Luke Connors nunca acreditou que pudesse se perder em uma cidade. Afinal, ele era um fotógrafo de viagens experiente, acostumado a navegar por ruas estreitas e becos desconhecidos. Mas Lisboa, com suas colinas íngremes e ruas de paralelepípedos, parecia ter outros planos para ele. Enquanto tentava encontrar o caminho de volta ao seu hotel, ele parou em uma pequena praça, onde o som de um violino ecoava suavemente no ar noturno.
Foi então que ele viu ele.
Angel Elias estava sentado em um banco de pedra, seus dedos dançando habilidosamente sobre as cordas do violino. Seus olhos estavam fechados, como se estivesse em transe, e a música que ele criava era tão bela que parecia tirar o fôlego de Luke. Ele não conseguia se mover, preso pela melodia e pela presença daquele homem.
Quando Angel abriu os olhos, seus olhares se encontraram. Por um momento, o mundo parou. Angel sorriu timidamente, abaixando o violino.
— Gostou? — perguntou, sua voz suave como a brisa que passava pela praça.
Luke acenou, ainda sem palavras. Finalmente, conseguiu falar:
— Eu… eu nunca ouvi nada assim. É incrível.
Angel riu, um som leve e musical.
— Obrigado. Eu costumo tocar aqui todas as noites. A cidade inspira.
— Eu sou Luke — ele disse, estendendo a mão.
— Angel — o violinista respondeu, apertando sua mão com uma firmeza suave.
Daquele dia em diante, Luke voltava à praça todas as noites, não apenas para ouvir a música de Angel, mas para estar perto dele. Eles começaram a conversar, compartilhando histórias de suas vidas. Luke falava sobre suas viagens pelo mundo, enquanto Angel contava como havia crescido em Lisboa, aprendendo a tocar violino com seu avô.
Uma noite, depois de semanas de encontros na praça, Angel olhou para Luke e disse:
— Você sabe, eu nunca toquei para alguém como toco para você. É como se a música saísse diferente quando você está aqui.
Luke sorriu, seu coração batendo mais rápido.
— Talvez seja porque eu nunca ouvi ninguém como você.
Naquela noite, sob o céu estrelado de Lisboa, eles se beijaram pela primeira vez. A cidade, com suas luzes douradas e ruas sinuosas, testemunhou o início de algo mágico. Dois homens, de mundos diferentes, encontraram um no outro uma melodia que nenhum dos dois sabia que estava procurando.
E, assim, Luke e Angel descobriram que, às vezes, se perder pode levar você exatamente onde precisa estar.